terça-feira, 17 de julho de 2007

O Choro da Queda

A pergunta é a seguinte: quem não se emocionou com o choro de Jade Barbosa, a nova ginasta-maravilha do Brasil, ao cair nas barras assimétricas? Bom, imagino que esse tipo de coisa deve fazer parte da vida desses atletas: cair, torcer, doer etc.
O choro de Jade veio porque ela sabia: eu posso fazer melhor que isso, eu já fiz melhor que isso. Em meio ao choro, ela dizia a si mesma: "Eu não acredito!"
Quando atingimos certo nível de aperfeiçoamento na "modalidade" em que treinamos, de um esporte olímpico a um simples artesanato, não nos permitimos mais erros grosseiros como cair de uma barra. Claro que eles acontecem, pois somos simples humanos, mas choramos porque sabemos que aquele não é nosso padrão de excelência. Tinhamos apenas de fazer o que já sabíamos fazer e falhamos. Era só "jogar simples".
Na carta de Paulo aos Filipenses, no capítulo 3, no versículo 12 ao 16 lemos o seguinte:
"Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo pra alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram pra trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.
Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão somente vivamos de acordo com o que já alcançamos."
Sublinhei essa última frase, o versículo 16, pois acho que exemplifica bem essa situação olímpica-espiritual. Jade Barbosa ou Daiane dos Santos já não podem mais apresentar-se como ginastas iniciantes. Elas estão adiantadas em seu nível técnico, em suas premiações. Cair duma barra torna-se uma calamidade nacional porque esperava-se muito mais delas.
Também o cristão que tem andado com o Mestre, tem sido aperfeiçoado na Palavra, que tem dado passos em direção a uma maior intimidade com o Pai, não pode mais viver como alguém que desconhece o amor de Deus e aquilo que Ele espera que façamos (amar). A medida que vamos "prosseguindo para o alvo", o Senhor tem transformado nosso coração, esperando que não vivamos mais a pecar deliberadamente.
Mas isso nos impede de cair da barra? Não! Caímos! Depois, temos de engolir o choro, passar talco nas mãos, subir de novo na mesma barra da qual caímos e, ainda, fazer aquela pose bonita no final do exercício. E quando nos conscientizamos de nossa falta, nossa dor não é a mesma que vimos no rosto da ginasta?
Mas, por que subir na barra de novo? Não é mais fácil desistir? A resposta é óbvia: porque queremos a medalha, porque queremos o alvo. Porque o Senhor nos espera na chegada, no pódio, não interessando em que posição chegaremos ou o quão machucados estaremos. O que Lhe interessa é que cheguemos a Ele.
Nos encontraremos na chegada,
Fabi

sábado, 7 de julho de 2007

A boa parte

Sábado passado, tivemos mais uma Noite da Pizza, pra arrecadar uma graninha pra Noite Jovem. Como sempre, deu um certo trabalho, mas nada demais. Fiquei matutando como, às vezes, corremos sérios riscos de cair num ativismo religioso. Queremos fazer grandes coisas pelo Reino, por Jesus e acabamos nos esquecendo de deixar que Ele faça Sua grande obra em nós, o que é muito mais importante.

Lembrei imediatamente do texto de Lucas 10: 38 a 42, aquele famoso, de Marta e Maria. Enquanto a Marta corria desatinada pela casa (afinal, haviam várias bocas para serem alimentadas), Maria sentou-se calmamente aos pés de Jesus e escutou. Em sua indignação, Marta tentou incitar Jesus contra o comportamento de sua irmã, mas Ele responde: "Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada."

Ao buscar a opinião de Jesus, Marta, de certa forma, queria que Ele comprovasse que ela é que estava certa, que quem muito faz, muito será abençoado. Ainda hoje tentamos conquistar o amor de Deus com nossas obras, com nosso esforço. Achamos que podemos ser mais amados por isso. Mas não é isso que a Bíblia fala. Não foi isso que Lutero redescobriu. A salvação e o amor de Deus não são proporcionais à nossas obras (ainda bem!). Nada além do sacrifício de Jesus nos tornará merecedores do amor do Pai.

Nós podemos, sim, trabalhar e servir por causa desse amor, que nos foi dado primeiro. E deveríamos fazê-lo mais. A seara é muito grande. Muito há por fazer. Pode-se começar assando pizza. Comprando pizza, brigadeiro...

Que Deus nos dê o discernimento de saber qual a hora de ouvir e qual a hora de servir. E, mais ainda, como conciliar as duas coisas...

Fabi